segunda-feira, junho 19, 2006

Sobre o calor

Já devia ter escrito alguma coisa sobre o calor, mas como toda a gente me diz que isto ainda é primavera e que “logo vou ver em Agosto” não quis ser mariquinhas e resolvi aguentar de bico calado. Mas hoje não consegui. É Sábado primeiro dia de trabalho neste meu novo calendário e quando chego à embaixada descubro que durante o fim-de-semana o ar condicionado avariou-se (esta sempre ligado 24h todos os dias) o termómetro do meu relógio em cima da secretaria marca 37 graus, tudo esta quente, a secretaria, a cadeira, é horrível mesmo não consigo trabalhar nem concentrar-me espero que se resolva rápido.

Desde que cheguei que durante a noite as temperaturas estão sempre na casa dos 30º’as durante a noite e na casa dos 40º’as durante o dia, e já vi mesmo o termómetro a marcar 50º dando me uma pequena mostra do que vai ser o verão. A piscina é o sítio onde me refresco e a agua está a 31 graus. Começa agora a ser difícil tomar banho em casa, os depósitos de água estão ao sol e por isso, mesmo com a água fria no máximo a água começa a sair a escaldar. Existe um outro cuidado que se deve ter, o de não deixar nada dentro do carro quando fica estacionado ao sol, porque segundo o que li o interior chega atingir temperaturas de 60º/70º e estraga tudo o que lá se deixe.

quarta-feira, junho 14, 2006

Voltando à censura

O tema da censura acima de tudo diverte-me, porque tudo o que há censurado, também se consegue sem o estar com muita facilidade. A Internet está censurada mas há empresas que oferecem o mesmo serviço por satélite que não está. A televisão é controlada, mas toda a gente tem antena parabólica, a musica ainda hoje não é muito bem aceite e até há alguns tempos os muttawas arrancavam os rádios dos carros e ainda hoje muitos táxis não o têm. Mas entretanto divertia-me a tentar descobrir os critérios de censura que são aplicados aqui, mas desisti, julgo que não existem critérios. Imaginem que vão comprar um colchão de piscina para as crianças, e na caixa vem uma foto de uma mãe a brincar com as suas crianças na piscina, aqui as crianças estão... mas a mãe não! Ou seja está, mas pintada de preto, com sorte deixam-lhe a cabecinha de fora. No tecto do centro comercial há cartazes de anuncio a um perfume onde só aparece a cara de uma senhora, e mesmo a assim a imagem da cara esta tremida. Algumas revistas quando folheadas reparamos que todas as mulheres se vestem de preto, lá esta mais uma vez a censura.
Resolvi então explorar um pouco mais este tema, e o melhor sitio que encontrei foi uma loja de música. Depois de passar pela secção de musica Saudita onde todos os cd’s são iguais porque tem apenas um Saudita (tipo Nel Monteiro) de toga na capa, nada mais, chego a zona da musica como eu a conheço e “voi-la”, que maravilha… todas as meninas: Britney Spears, Jennifer Lopez, Pussycat Dools, Anastacia, Shakira todas tapadinhas com manchas pretas, vermelhas e verdes nas zonas onde estava pele. Não pude deixar de comprar uns exemplares.
Outra coisa que não percebi foi o porquê censurar a capa dos DVD’s de musica se depois o vídeo interior não o está? Enfim. Depois de comprar os cd’s e de os abrir, resolvi ver se as páginas interiores também estavam pintadas ou não e lá está, o das Pussycat Dolls continuavam todas pintadinhas, mas a Jennifer Lopez nas páginas interiores exibe grandes decotes, mini saias e pequenos bikinis.
Foi aqui que deixei de tentar perceber os critérios de censura.




Tudo o que esta a preto e vermelho sao as partes censuradas

domingo, junho 11, 2006

Saldo do primeiro mês

É realmente incrível o rápido que passa o tempo quando se está a viver coisas novas todos os dias. Ainda nem sequer estou totalmente instalado e já passou o primeiro mês. Começo-me agora a sentir à vontade nesta minha nova terra, o facto de ter carro permite-me fazer incursões solitárias mais regulares nesta sociedade, é incrível o divertido que pode ser aqui sentar-me numa cadeira de um centro comercial e ficar a olhar e tentar perceber o que vejo; Vejo dois homens (que podiam perfeitamente ser terroristas) de toga e de mão dada a escolher uma máquina de depilação feminina; Vejo famílias com um homem 4 mulheres e 10 crianças; Vejo mulheres mais destemidas que se recusam a cobrir a sua cara; Vejo a forma como os sauditas olham para estas mulheres que não se cobrem; Vejo triângulos pretos a comprar mini-saias e top’s do mais arrojado que há; Vejo homens barbudos e velhos a atender as pessoas numa loja de lingerie; Vejo as fotografias das modelos nas montras das lojas censuradas, ou pintadas a preto e tudo isto dá realmente muito que pensar no diferentes que são os nossos mundos a apenas umas horas de distância.

Nos centros comerciais há todo o tipo de lojas que estamos habituados a ver em Portugal e muitas mais, são autênticos paraísos de compras. “Shopping” aqui é considerado desporto nacional principalmente por parte das mulheres que ocupam os seus tempos livres aos grupos nestes centros e o elevado poder económico dos Sauditas ajuda a festa.

No compound a vida é realmente muito boa, tudo está perto, muito desporto, a vida social a volta das piscinas, o restaurante, o espírito de vizinhança as pessoas, etc Até o dia em que por primeira vez agarrei no carro e fui dar a volta toda ao compound e lhe descobri os limites, os muros. Senti uma pequena sensação de claustrofobia como a que já tinha sentido uma vez quando viva em Las Palmas de Gran Canaria e dei a volta toda a ilha e lhe conheci os limites, fica se a pensar: é só isto? Estas coisas são o tipo de coisas que não se pensam nas primeiras semanas em que tudo é novo, mas agora começo a dar por elas, e o que antes descreveria como “um bairro gigante onde vivem os ocidentais sem as estritas regras da sociedade saudita” agora descrevo-o como este pequeno cantinho onde temos “algumas liberdades”.

Para terminar quero dizer que o saldo até agora é extremamente positivo e se pensar em tudo o que aprendi, pensei, li, conheci e vi este este ultimo mês é apenas um sexto do que vou viver por cá, então vai ser sem duvida a experiência de uma vida.

sábado, junho 10, 2006

Conduzir em Riade


Finalmente tenho carro. Para viver aqui o carro é realmente imprescindível por variadíssimos motivos, em primeiro lugar porque não existem transporte públicos, depois as distâncias (imaginem uma cidade de 4 milhões de habitantes e poucos edifícios tem mais de 2 3 andares), o calor abrasador, etc.
O carro que tenho ainda não é meu, o Mauro foi de férias para a colômbia, e depois de uma troca de carros acabei por ficar com um Toyota Corola do José Manuel (gracias José) e hoje foi a minha primeira experiência ao volante. Conduzir por aqui, como não podia deixar de ser, é também uma aventura. A maioria das ruas são autênticas auto-estradas sem faixas de rodagem onde se misturam Lamborghinis com os maiores “chaços” que já vi até hoje em constantes zig zag’s e desrespeitando quaisquer regra de civismo sem falar nas de transito. A tudo isto há que juntar o transito caótico os “passeios” dos membros da família real os inúmeros “check point” de segurança e penas de excesso de velocidade que podem ser um dia de cadeia. Agora com carro prometo andar sempre com a maquina fotográfica e mostrar vos mais detalhadamente onde vivo.

sexta-feira, junho 09, 2006

Os Colombianos

Ainda não vos tinha apresentado os Colombianos e eles próprios fizeram questão de ser apresentados (já estamos a combinar uma ida a Portugal). O Guillermo, José Manuel, José António, Alberto e Mauro são das poucas pessoas da minha idade e solteiras que conheci desde que aqui estou, e alem disso vivem no mesmo compound que eu. Estes “maricas” falam um espanhol estranho e querem-me o impingir com termos como: “huevon, vaina, chévere, gonorrea, chino e las moflas”.
São as pessoas com quem mais me dou e tive realmente muita sorte em conhecê-los.



terça-feira, junho 06, 2006

Mais fotos do Souq


Lá vai o Rei

Já várias vezes escrevi aqui sobre as questões de segurança que temos que lidar todos os dias aqui em Riyadh: tanques, bunkers, militares armados, “check points”, inspecções ao carro e motor, etc. Tudo isto para o comum do mortal, agora imaginem como é a segurança para o Rei e para a família real mais poderosa do mundo.
Já varias vezes no caminho para casa me cruzei com as deslocações da família real, graças a deus (ou a Alá) sempre no sentido oposto e são qualquer coisa de extraordinário. Começam por cortar o transito de TODAS as ruas por onde vão passar, carros da policia estacionam de lado para parar o transito nas grandes avenidas com 4 faixas de rodagem e depois de a estrada estar vazia e com alguns carros da policia ao longo do percurso começam-se a ver ao longe 2 helicópteros militares que sobrevoam pouco acima do nível da estrada, um faz a vistoria do caminho e o outro segue exactamente por cima da comitiva de carros. De repente um batalhão de 30 /40 carros (tento sempre conta-los) aparece a alta velocidade onde podemos ver vários carros da policia, bombeiros, ambulâncias, Jeeps, Vans, Hummers, Mercedes, BMW’s, Bentley’s e outros carros topo de gama e sem nunca conseguir perceber em qual dos carros irá tão ilustre personalidade. Depois de passar a comitiva a policia deixa então seguir viagem os milhares de pessoas que entretanto ficaram retidas em filas intermináveis na cidade mais caótica de transito que já conheci até hoje. Até parece uma experiência gira para ver uma vez ou outra, mas o problema é que isto acontece em todas as deslocações de vários membros da família todos os dias, posso vos garantir que a partir da segunda vez, já não tem piada nenhuma mesmo.

domingo, junho 04, 2006

sábado, junho 03, 2006

Ida ao Souq

Souq significa quarteirão ou bairro e em Riyadh tudo está dividido por souq’s: o souq dos computadores, souq dos rent-a-car, lojas de roupa etc. Mas pelo que percebi quando se referem “ao Souq” é a zona dos típicos bazares árabes com montes de lojinhas umas em cima das outras onde se podem encontrar todo o tipo de produtos do Médio Oriente e da Ásia baratos e claro depois de regatear muito mais baratos.
Quando entramos parece que recuamos no tempo, confesso que impõe algum respeito e não sei se iria lá sozinho, logo à entrada encontramos a praça onde todas as Sextas-Feiras de manha se realizam as am.putações, as sent.enças de m.orte e as tão famosas chi.batadas (convém não ir lá nestes dias). Como íamos um grupo grande fizemos questão de que.brar algumas re.gras e come.çar logo a ti.rar fot.ografias (que são proib.idas e podem mesmo tirar-nos as ma.quinas), a primeira de grupo mesmo em frente a esta pr.aça e as seguintes dentro do Souq mais propriamente dentro das lojas.
Depois de muitas voltas e de muita palhaçada dentro das lojas tivemos mais um enco.ntro com um “muttawa”, desta vez para im.plicar mesmo connosco porque alguns de nós estavam dentro de uma loja quando estava a começar mais um “prayer time”, as lojas são obrigadas a fechar para toda a gente ir rezar. Não passou de um susto quando dei por mim estava de caras com ele e com o policia en.quanto m.exia na ma.quina fo.tográfica, mas não me disse nada e foi directamente para a loja im.plicar com o empregado e dizer à Maria para cobrir a cabeça com o lenço. Mas para alem de um aumento significativo do ritmo cardíaco de todos nós não aconteceu nada de mais, a Maria cobriu a cabeça, saímos da loja e o empregado foi obrigado a ir rezar para a mesquita.

Nando's


Jantar no mítico "Nando's" franchising português que há espalhado por todo o mundo que na verdade, de português tem muito pouco.
Notas: -A cerveja que está em cima da mesa é sem alcool.
-O restaurante não tem "family section", ou seja, as mulheres não podem entrar.

Fiiiesta

Muito tem acontecido nestes últimos dias, para bem dizer não tenho parado mesmo, apesar de todos os entraves, a vida social dos ocidentais em Riyadh é fantástica talvez até bem mais interessante por ser tão aventureira e um autentico jogo do “gato e do rato” de forma a conseguirmos con.tornar as est.ritas re.gras Sauditas. As fes.tas (mais uma vez sem entrar em grandes pormenores) são feitas nas embai.xadas, compounds e em casas privadas, todas elas com “Guest List” e em algumas não é permitida a entrada de máquinas fotográficas nem telemóveis para não haver qualquer tipo de re.gistro do que por lá se passa. Estas fes.tas em nada ficam a de.ver às que se fa.zem pelo mundo fora (algumas delas bem melhores) e o importante é conhecer muita gente para garantir sempre o nome nas “guest list”, e diga-se que desde que cheguei tenho tido mesmo muita sorte (obrigado Olindo) e têm sido 2 por semana. E mais não digo… apesar de ser um tema sobre o qual teria muito para escrever, deixo-vos uma foto em que estamos a beber... Guaraná…claro... ;)


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