É realmente incrível o rápido que passa o tempo quando se está a viver coisas novas todos os dias. Ainda nem sequer estou totalmente instalado e já passou o primeiro mês. Começo-me agora a sentir à vontade nesta minha nova terra, o facto de ter carro permite-me fazer incursões solitárias mais regulares nesta sociedade, é incrível o divertido que pode ser aqui sentar-me numa cadeira de um centro comercial e ficar a olhar e tentar perceber o que vejo; Vejo dois homens (que podiam perfeitamente ser terroristas) de toga e de mão dada a escolher uma máquina de depilação feminina; Vejo famílias com um homem 4 mulheres e 10 crianças; Vejo mulheres mais destemidas que se recusam a cobrir a sua cara; Vejo a forma como os sauditas olham para estas mulheres que não se cobrem; Vejo triângulos pretos a comprar mini-saias e top’s do mais arrojado que há; Vejo homens barbudos e velhos a atender as pessoas numa loja de lingerie; Vejo as fotografias das modelos nas montras das lojas censuradas, ou pintadas a preto e tudo isto dá realmente muito que pensar no diferentes que são os nossos mundos a apenas umas horas de distância.
Nos centros comerciais há todo o tipo de lojas que estamos habituados a ver em Portugal e muitas mais, são autênticos paraísos de compras. “Shopping” aqui é considerado desporto nacional principalmente por parte das mulheres que ocupam os seus tempos livres aos grupos nestes centros e o elevado poder económico dos Sauditas ajuda a festa.
No compound a vida é realmente muito boa, tudo está perto, muito desporto, a vida social a volta das piscinas, o restaurante, o espírito de vizinhança as pessoas, etc Até o dia em que por primeira vez agarrei no carro e fui dar a volta toda ao compound e lhe descobri os limites, os muros. Senti uma pequena sensação de claustrofobia como a que já tinha sentido uma vez quando viva em Las Palmas de Gran Canaria e dei a volta toda a ilha e lhe conheci os limites, fica se a pensar: é só isto? Estas coisas são o tipo de coisas que não se pensam nas primeiras semanas em que tudo é novo, mas agora começo a dar por elas, e o que antes descreveria como “um bairro gigante onde vivem os ocidentais sem as estritas regras da sociedade saudita” agora descrevo-o como este pequeno cantinho onde temos “algumas liberdades”.
Para terminar quero dizer que o saldo até agora é extremamente positivo e se pensar em tudo o que aprendi, pensei, li, conheci e vi este este ultimo mês é apenas um sexto do que vou viver por cá, então vai ser sem duvida a experiência de uma vida.
3 comentários:
Pois é, Joao, gosto imenso de ler as tuas aventuras por essas terras tao diferentes e gostei especialmente deste post. Também já tinha pensado em como existem tantos mundos diferentes, que desconhecemos. E se pensava q estava a viver uma experîência muito diferente, ao ler o teu blog, mostras-me sempre como este meu novo país é tao igual à minha casa, e as liberdades de que gozo afinal sao bens preciosos.
Obrigada e boa continuacao da tua estadia.
espera... por que carga d'água dois homens de mão dada compram depiladoras?
e como é que isso passa por normal num pais como este se na maioria do ocidente deixaria as pessoas a volta a olhar e a fazer comentários pouco simpaticos? estas tuas historias são lindas...
Xixita, infelizmente aqui é impossivel tirar fotografias, mas a gargalhada não a consegui evitar quando vi tal cenario. 1- Este é um mundo de homens, muitas das mulheres não saiem mesmo de casa para nada, por isso vemos muitas vezes homens a fazer coisas que normalmente não lhes cabe a eles. 2- Quase todos os sauditas andam de mão dada na rua e cumprimentam se com beijos e quando não se vem hà muito tempo com muitos beijos mesmo...Culturas 3- Os homens podiam bem ser irmãos primos ou mesmo pai e filho a comprar a maquina para a mulher, filha ou avó ..sei lá.
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